RELATO DE PARTO – PÂMELA

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No dia 30/11/2023, eu já com 40 semanas e 4 dias (mais 3 dias precisaria ir para indução), quando virou a madrugada eu pedi a Deus: “Deus, por favor, quero muito conhecer meu filho, não estou aguentando mais, estou cansada e muito ansiosa.” E fiz uma promessa (tonta, mas que cumprirei) “se eu entrar em trabalho de parto hoje, eu ficarei 1 ano sem tomar refrigerante” e assim foi.

Às 21:24h minha bolsa rompeu. Já sentia contrações de pródromos há alguns dias. Minha sobrinha Manu estava em casa comigo quando veio uma forte. Como de costume, estava somente de top e calcinha, já que fazia muito calor. Senti a contração e fui da sala para o quarto, agachei na beira da cama ficando de cócoras, quando senti uma coisa bem quente na minha calcinha, levantei e fiquei surpresa “minha bolsa rompeu” disse pra Manu (então começamos a pular e dançar de alegria). 

O João estava no parque então o avisei (ele chegou em casa em 20 min). Também já avisei a Deise (minha doula) e minha mãe que é minha vizinha. Achei que as contrações  efetivas demorariam para começar, mas, foram cerca de 7 minutos depois. Elas estavam vindo de 7/8 minutos de intervalo e durando cerca de 40 seg. Como eu tinha me preparado durante a gestação, sabia que não precisava ir correndo para o hospital. O João chegou e ali ficamos, eu sentia as contrações, fortes, mas, não insuportáveis, e ele me ajudava, fazia massagens, foi meu apoio. Nos intervalos ele já ia colocando as coisas no carro e preparando tudo. Cometi um grande erro (apesar de fazer o que meu corpo pedia) eu não quis descansar! Estava elétrica. Nos intervalos eu ficava dançando e pulando. 

Começou a ficar mais dolorido e frequente, cerca de 3/4 minutos e durando 1 min. Fui para o chuveiro e nossa! Como aliviava. Fiquei uns 40 min no chuveiro, esperando ritmar ainda mais. O João foi ao posto comprar algumas barrinhas, e me fez tomar água e comer uma banana, apesar de eu não querer. A Manu também ficou o tempo todo comigo.

Saímos de casa cerca de 00:15h. Contrações ritmadas de 2/2 min e durando 1 min. Já estava doendo demais. A posição sentada no carro piorava pra mim. O João foi muito rápido pra Bragança, chegou em 30min, mas, pra mim parecia uma eternidade. Estacionou e lembro de combinarmos “vamos esperar vir mais uma, e no intervalo nós descemos e vamos fazer a ficha” e assim foi. Dei entrada na ginecologia da Santa Casa com a Dra. Camila que estava de plantão. Na avaliação, foi confirmado minha bolsa rota e eu estava somente com 2cm de dilatação. Expressei logo de início pra Dra que meu desejo era parto normal. Fui pro cardiotoco enquanto o João dava entrada na minha internação. Então fui pro quarto, e lá começou os preparativos. O João chegou com as malas e também trouxe a Deise, que tinha acabado de chegar. Troquei de roupa, coloquei uma camisola minha, bem fresquinha.

Então lá ficamos, cada contração que vinha, uma mais forte que a outra, os 2 estavam lá, o João e a Deise, que me deu uma bolinha pra apertar que me ajudou demais. E nós 3 trabalhávamos juntos pra que minha experiência fosse um pouco mais agradável. Tentamos diversas coisas, mas, nesse momento o que funcionava para mim era ficar caminhando, e quando vinha a contração ficava balançando o quadril de um lado para o outro, de frete para o João com os braços sob seu pescoço enquanto a Deise massageava meus ombros e braços. Ficamos assim até cerca de 2h e pouco da manhã, quando a Dra veio me avaliar. Fui do quarto para o consultório pra ela dar uma checada na posição do Caio. Foi bem difícil, ficar deitada durante a contração me incomodava demais, tivemos que fazer algumas pausas. Ela colocou um instrumento que permitia ver ele, lembro que falei para o João olhar, e pela primeira vez, ele viu a cabecinha do nosso filho. Estava com 4cm de dilatação.

Me animei, pois toda dor que estava sentindo estava valendo a pena, eu estava evoluindo. 

Voltei para o quarto e dali pra frente, as contrações começaram a vir muito forte, muito mesmo. Fui pra bola, mas, sem sentar diretamente (quando colocava pressão na pelve era pior) ficava com as costas apoiada na bola, cabeça no colo do João (não faço ideia como) e com a perna em 90°, quadril bem solto. Nas dores, balançava meu quadril pra lá e pra cá, me aliviava. A Deise tentou me dar um óleo essencial pra cheirar, mas eu neguei, estava péssimo kkkk. Nos intervalos dormia naquela posição mesmo. Fui pro chuveiro, não estava aguentando mais.

Passei pela famosa “hora da covardia”. Pedia pro João e para a Deise “pelo amor de Deus, me deem anestesia. Me levem pra cesária” cheguei a implorar para o João (mas antes havia feito ele jurar pra mim que não ia deixar me operarem). A Deise a todo momento falava que iria aguentar, que ia passar, que era uma onda, me lembrando onde eu já tinha chegado e o quão forte eu era. E os lindões me enganavam “já chamamos a médica” falsos kkkkk. Eu não estava aguentando mais. Estava muito cansada e com muita, muita dor. Lembro que estava dormindo de pé nos intervalos.

Como não tinha comido nada, estava muito fraca. O João tentou me dar algumas barrinhas, mas, estava tão seco, mastiguei e soltei tudo no chão. Lembro de pensar em descrever a dor, e na minha cabeça vinha “tem um sapato entalado em mim” 😂 e teve um momento que eu até mordi o coitado do meu marido. Ai surtei com eles, eu mesma chamei a enfermeira para chamar a médica. Eram mais ou menos 4/5h da manhã. A Dra Camila chegou e eu pedi “Dra, estou com muita dor, quero anestesia” ela disse que ia me avaliar. Deitei na cama (depois de reclamar muito que teria que deitar – doía muito mais deitada) ela fez o toque e eu estava com 7 cm de dilatação!!! Ela disse que o Caio ainda estava alto, e que a anestesia não seria legal pois poderia parar de evoluir o trabalho de parto. Então juntos decidimos que seria legal que eu tomasse uma glicose, para que me desse uma energia, já que eu não conseguia comer. Estava sem acesso venoso, pois tinha negado quando dei entrada.

A enfermeira veio e me furou na veia, fiquei sentada na poltrona de acompanhante. Tomei a glicose, mas, ali estava confortável, então fiquei. O João sentado no sofá, a Deise ao meu lado, no chão. Nas contrações, às vezes, eu levantava e balançava, às vezes ficava sentada e respirava “vai passar” eu pensava, e passava. As luzes a todo momento apagadas. Ali consegui relaxar mais e consegui descansar nos intervalos, controlar meu corpo. Voltei a mim mesma. A Dra entrava no quarto de vez em quando pra me ver, mas não falava comigo, e sim com eles. Estava bem introvertida nesse momento, só queria ficar sozinha. Não pensava nada além de “vai passar”.

Cerca de 6h e pouco da manhã, comecei a sentir  vontade de fazer força quando vinha a contração. Falei pra eles, e eles “então faça, faça o que o corpo pedir”. A contração vinha e eu gritava. Involuntariamente fazia força, como uma coxada de cocô. A Dra voltou e precisava me examinar, que pena, não poderia ser na poltrona, estava confortável ali. Ela pediu pra eu deitar na cama e fez o toque. E olha só! “Filhinha, você está com dilatação total. Agora preciso que você trabalhe. Ache a posição ideal. João, vamos fazer um cabo de guerra!”  Fiquei deitada em 45° na cama, pernas levantadas, estava confortável. Ela deu um lençol para o João, que segurou as 2 pontas e o outro lado foi pra mim. Quando vinha a dor eu puxava de um lado e o João do outro. Sentia o círculo de fogo arder no meu períneo. Coloquei a mão e ali estava meu filho, tão perto. A Dra passou vaselina e fez compressa morna para evitar lacerar. Foram algumas contrações assim e às 7:41h da manhã, com 46,5 cm e 3,270kg, Caio veio ao mundo. Uma jorrada de líquido molhou a Dra inteira. Uma contração, a cabeça, ao invés de esperar outra contração pra forçar e nascer o restante do corpo, não esperei, forcei ao máximo pro Caio vir, estava tão ansiosa. Isso me gerou duas lacerações, uma de primeiro grau que não precisou de ponto e outra segundo grau que precisou de um pontinho interno. Caio veio direto pro meu colo, estava tão quentinho e tinha um cheiro tão único.

Esperamos cerca de 7 min para o cordão parar de pulsar e o João o cortou. A placenta nasceu uns 15 min depois, sozinha, sem ser puxada. (Uma sensação muito boa, não doeu nada, estava bem quentinha ksksks), a Deise a pegou para fazer um carimbo e eu pedi para guardarem para que eu pudesse ver depois. Não deixei o pediatra tirar o Caio do meu colo (😳). Ele ficou lá. Uns 20 min depois de nascer, mamou pela primeira vez no peito direito (hoje o seu preferido), o João segurando sua cabeça pois eu estava tomando medicação, estava com hemorragia. Que logo cessou.

Que experiência única. Não foi nada fácil, doeu demais. Uma dor quase insuportável. Mas eu passei. Sou muito grata a meu marido por ficar a todo momento comigo, vencer o cansaço e me  auxiliar, cuidar de mim. Sou muito grata a Deise por todos os ensinamentos durante a gestação (que foi extremamente útil) e por todo o apoio físico e emocional na hora do parto. Sou muito grata a minha médica Dra Camila, a enfermeira Thamara e toda a equipe, que foram ótimas profissionais, fizeram todas minhas vontades e se importaram com minha saúde e bem-estar. E principalmente, sou extremamente grata a meu corpo e a mim mesma, por fazer um ótimo trabalho e não desistir. Todas somos capazes. Passaria tudo de novo pelo meu amor, meu filho.

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