PARA A MULHER QUE NÃO QUERIA SER MÃE
Se programar para ter filhos não é uma cultura que temos em nosso país: cerca de 62% das mulheres já tiveram pelo menos uma gestação não planejada¹. Ainda assim, a gestação costuma ser vista como um dom e muitos se mobilizam para ajudar com dinheiro, roupas, fraldas, berço etc, e encorajam a mãe a sentir-se feliz e agraciada. O problema é quando a mulher que engravida nunca sonhou nem desejou ser mãe.
Essa mulher é esquecida, ignorada e julgada. Ela não tem espaço para lamentar suas perdas, reclamar suas dores e desesperar-se. Escuta sempre que, tudo que ela sente, vai impactar o bebê e ela PRECISA sentir-se abençoada e contente pela gestação, afinal, muitas mulheres querem engravidar e não conseguem. Mas vim aqui contar uma coisa:
Não tem problema entristecer-se. Reclamar. Lamentar. Chorar. Viver o luto pela vida que está deixando para trás, pela mulher que foi e é. E se precisar de ajuda, procure um profissional para te auxiliar a lidar com todas essas emoções, mas levante-se. Não fique prostrada. E não é pelo bebê, é por você, pela sua sanidade, pelo seu bem-estar e sua felicidade.
E para te ajudar a se levantar, vim trazer uma informação incrível que vai mudar sua vida: a gestação e o pós parto é um momento único onde a neuroplasticidade cerebral está em alta. Os seis sentidos ficam aguçados, os neurônios estão mais sensíveis e flexíveis para formarem novas ligações e o cérebro está suscetível a se reorganizar e se modificar.² Ou seja: esse evento não desejado pode ser a porta para conquistar muita coisa e você se tornar a melhor versão de si.
Meu convite é focar naquilo que pode ser feito ao invés do que não tem jeito. A jornada pode ser mais leve se você desfrutar dos ganhos que a situação trouxe, para além do bebê. Porque afinal, a vida adulta é assim: sempre haverão perdas e ganhos. Se lamentar pelo que perdeu, não muda a realidade, mas buscar olhar para as novas possibilidades, isso sim, pode ser a chave para mudar o seu futuro.
Autora: Deise Caroline
FONTES:
¹ https://www.bayer.com.br/pt/blog/gravidez-nao-planejada-atinge-62-mulheres-brasil