UM PREPARO ESSENCIAL PARA O PARTO

Autora: Bárbara Rosas

Dia 19/05 numa terça-feira após uma consulta obstétrica pela manhã onde a médica fez exame de toque em mim, eu comecei a sentir dor. Estava de 38+5 semanas, e mesmo estudando bastante e me preparando para a dor que sentiria, eu não tinha conhecimento que NÃO era necessário fazer exame de toque, ainda mais fora do trabalho de parto. Eu senti dores no final da tarde e na madrugada inteira, e no dia seguinte chamei minha equipe (estava me preparando para o parto domiciliar). A enfermeira obstétrica me examinou e disse que muito provavelmente no exame de toque a médica havia descolado minha placenta (técnica utilizada por eles para nos fazer sofrer mais e acabarmos desistindo e pedindo uma cesariana).
Eu passei a terça-feira inteira com dor, quarta-feira também, e as contrações não pegavam ritmo! Me exercitei muito, não parei quieta pois queria que meu trabalho de parto fosse a jato, e eu tinha lido que os exercícios ajudavam muito!
Quinta a noite minha equipe chegou em casa, e a partir dali meu trabalho de parto começou, elas chegaram às 22:00h do dia 21/05 e a Clarinha nasceu às 19:58h do dia 23/05. Um trabalho de parto de 44 horas, muito cansaço por ter me exercitado bastante para iniciar o trabalho de parto, já que por intervenção da médica todo o processo se iniciou antes do necessário!
Após ela nascer, veio a exaustão. Cansaço, frustração com a médica, frustração com um trabalho de parto longo, não consegui cuidar da minha filha na primeira noite de vida dela! Parecia que tudo aquilo que eu queria com o parto domiciliar, eu não havia conseguido!
Os 3 primeiros dias foram muito difíceis, além do baby blues que veio com força, eu via as pessoas me julgando dizendo “se você tivesse optado pela cesárea ou até parto normal no hospital, nada disso teria acontecido”. Todo mundo vinha perguntar como tinha sido, e eu com as demandas do bebê, visitas indesejadas e o baby blues não sabia explicar toda a história, então eu contava que depois de 44 horas ela tinha nascido, e elas se sentiam amedrontadas pela minha experiência. Foi um choque pois tudo o que eu queria era inspirar as mulheres a terem parto normal, e tirar esse medo que todo mundo tem do parto domiciliar. Mas foi exatamente o contrário, todo mundo achou que o meu parto demorou e minha recuperação foi lenta porque foi em casa.
Tirei um tempo para assimilar tudo, entender o que houve, e hoje eu sei: EU NÃO ESTAVA PREPARADA MENTALMENTE PARA O PARTO.
Se coloca no meu lugar: lembra o medo que você sentiu no começo da pandemia? Quando todo mundo começou a morrer, as estradas iriam fechar, os hospitais sem capacidade mais, os respiradores em falta, uma fase de medo. Adiciona problemas familiares, falta de apoio pelo meu sonho de ter um parto domiciliar, lockdown, distanciamento, e mais o sentimento de violação da parte daquela médica que descolou minha placenta. TUDO ISSO ATRAPALHOU O PROCESSO!
E depois disso eu entendi, meu corpo estava preparado, mas a minha mente não. Ela me boicotava constantemente nessas 44 horas de trabalho de parto, mas a minha sorte é que eu pude contar com um marido extremamente companheiro, que não largou da minha mão o tempo inteiro, e que me encorajou durante todo o processo! Também pude contar com a minha equipe, que me ajudava muito cuidando de mim e do bebê, garantindo que nós duas estávamos fortes o suficiente para continuar! E essa experiência me trouxe um aprendizado muito grande: resolva o que precisa resolver, não deixa nada para depois! Esteja em paz no seu coração e prepare a mente, diga palavras positivas todos os dias, para ela ficar cada vez mais forte. E assim você terá não só um parto inesquecível, mas uma vida muito mais leve!

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